É com grande alegria que lhes dou as boas-vindas. Sou o professor Alexandre dos Santos, Coordenador de Estratégias de Equidade Racial da escola Elice Baptista Gáudio.
É uma satisfação para toda nossa equipe, celebrarmos a criação do nosso jornal Vozes da Negritude. Este projeto surge como um espaço fundamental de resistência, valorização e promoção da educação antirracista em nossa escola. Idealizado por mim, o jornal é colocado em prática pelo protagonismo dos jovens estudantes, que atuam sob minha supervisão, transformando-o em mais do que um veículo de informação: uma ferramenta de transformação social. Seu objetivo é combater estereótipos, dar voz a histórias que costumam ser silenciadas e fortalecer a identidade negra em nossa comunidade escolar.
Inspirado por iniciativas como o “Jornal da Educação Física”, criado pelo professor e amigo Bruno Faria, que atua na CEEMFTI, Dr. Agesandro Costa Pereira, em São Pedro, o projeto combina jornalismo crítico, celebração da cultura afro-brasileira e protagonismo estudantil. Essa união de esforços busca não apenas informar, mas também empoderar a comunidade escolar, promovendo um ambiente mais justo e inclusivo.
"Tudo que você precisa fazer é mover as pessoas só um pouquinho para mudanças acontecerem"
Viola Davis
Saída Pedagógica da Escola Elice Baptista Gáudio à Aldeia Tekoá Mirim Promove Imersão na Cultura Guarani
Nos dias 16 e 17 de setembro, os alunos das 1ª e 3ª séries do Ensino Médio da Escola Elice Baptista Gáudio participaram de uma saída pedagógica à Aldeia Indígena “Tekoá Mirim”, localizada no norte de Aracruz. A atividade, coordenada pelo Professor de Equidade Racial Alexandre dos Santos, teve como objetivo aprofundar o conhecimento dos estudantes sobre a cultura e os saberes tradicionais da comunidade Guarani.
O projeto integra o plano de trabalho do professor, planejado no início do 2º trimestre. A iniciativa buscou oferecer uma compreensão autêntica e aprofundada da cosmovisão Guarani, explorando seus saberes tradicionais, organização social e relação com a natureza, rompendo com visões estereotipadas.
A ação foi de grande importância, marcando tanto os professores quanto os alunos. Foi particularmente gratificante o depoimento da aluna Victória Santana: “Professor, foi a melhor saída pedagógica que a escola fez com todos nós!”. Suas palavras indicam que os objetivos da iniciativa foram plenamente alcançados.
Essa experiência significativa e enriquecedora integra a temática da História e Cultura Indígena ao currículo escolar, de acordo com as diretrizes das Leis n° 10.639/2003 e n° 11.645/2008. A vivência proporcionou a oportunidade de conhecer mais sobre a cultura Guarani e a importância do território para sua identidade, além de discutir os desafios contemporâneos enfrentados pelos povos indígenas.
Para encerrar, trazemos a reflexão da indígena Edilene Batista Kiriri: “Enquanto existir uma erva, uma árvore ou um rio no planeta, nós, povos indígenas, existiremos.”
Texto/ Foto: Alexandre dos Santos.
Da Infância à Liderança: A Jornada de Isaac, um Protagonista Forjado no Elice, Ex-aluno que praticamente "nasceu e cresceu" na escola compartilha sua trajetória de transformação escolar.
Por Isaac, 19 anos
Serra, 14 de novembro de 2025 – Minha história com a Escola Elice não é apenas a de um aluno comum. É a história de um jovem que praticamente nasceu e cresceu dentro dessas paredes. Ingressei em 2012, com meus 5 anos para 6, e só deixei a instituição em 2025, após finalizar meus estudos pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) noturna. Foram anos que moldaram não apenas o meu conhecimento, mas o meu caráter.
Aqui, conheci inúmeras pessoas, e muitos dos amigos que fiz carrego hoje comigo como irmãos e irmãs. É um laço que vai além do convívio escolar.
A Visão que Amadureceu e os Laços que Permaneceram
Ao longo dos anos, minha perspectiva sobre a escola foi se transformando. Com a maturidade, percebi que, embora muitas coisas mudem, uma permanece essencial: a relação com os professores. No Elice, eles não se limitam ao papel convencional; aqui, criamos amizades genuínas que transcendem os muros da escola e se entrelaçam nos quadros das nossas vidas.
No entanto, também observei uma mudança no comportamento discente. Com o avanço da internet e a facilidade que ela proporciona, notei que os alunos que iam chegando foram, aos poucos, perdendo o interesse pelas atividades tradicionais. É um desafio dos novos tempos.
Superando os Desafios e Aprendendo a Respeitar as Diferenças
A questão racial foi um capítulo difícil na minha jornada. Em certa época, ter cabelo crespo ou ser gordinho e negro era motivo de chacota e bullying. Foram momentos dolorosos, mas que não definiram a minha história. Com o passar dos anos, testemunhei uma evolução coletiva. As pessoas se tornaram mais informadas e, principalmente, mais maduras, aprendendo a respeitar as diferenças. Foi um alívio e uma vitória ver esse ambiente se transformar.
Marcos de uma Transformação: Do Vice-Líder ao Protagonista da Própria História
Diversos momentos marcaram essa viagem louca e maravilhosa que foi estudar na escola que, pode-se dizer, me criou. Minha entrada no Elice, por exemplo, foi marcada por uma literal batalha do meu pai para me matricular.
Um marco decisivo foi no 9º ano, quando fui vice-líder de turma. Aquele foi um toque de realidade que me mostrou que eu era capaz de assumir responsabilidades. No 2º ano do Ensino Médio, tive outra oportunidade, ascendendo a vice-líder, depois a líder e, finalmente, a protagonista.
Foi nesse papel que tudo se transformou. Percebi que poderia estar à frente de uma equipe e fazer as coisas acontecerem. Hoje, mesmo não estando mais no Elice como aluno ou protagonista oficial, carrego para sempre esse legado. Aprendi lições valiosas e úteis com a equipe dos Jovens Protagonistas, da qual ainda me sinto parte, e a quem agradeço profundamente.
Agora, sigo meu caminho não mais como um menino, mas como um homem, protagonista da minha própria história.
E assim, me despeço de vocês não com um adeus, mas sempre com um "até a próxima, pessoal!".
Texto/Foto: Robson Salatiel
As vozes negras da minha escola
De Jovem Aprendiz à sala de aula: Cleiton de Souza Lima
Na quarta-feira, 19 de agosto de 2025, tivemos uma conversa muito enriquecedora com Cleiton de Souza Lima, professor de Física da Escola Elice Baptista Gáudio, que se autodeclara preto. Cleiton contou que sempre estudou em escola pública. Aos 16 anos, ingressou no programa Jovem Aprendiz e, posteriormente, trabalhou na indústria como torneiro mecânico. Após dois anos, conseguiu uma bolsa para cursar Engenharia Mecânica na Faculdade UCL, em Serra.
Entretanto, não conseguiu dar continuidade ao curso devido à distância e à dificuldade em conciliar trabalho e estudo. Como chegava tarde às aulas, acabou perdendo a bolsa após um ano e meio. Mas será que Cleiton desistiu do sonho da faculdade? Não. Ele decidiu deixar o trabalho para tentar uma nova graduação, desta vez em Física. Fez o ENEM e foi aprovado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A mudança de curso foi estratégica, pois permitiu aproveitar algumas disciplinas já cursadas em Engenharia.
Cleiton nos contou que, logo no primeiro semestre, teve a oportunidade de estagiar em sala de aula. A experiência foi tão marcante que, desde então, ele segue lecionando como professor. Quando perguntamos quem é Cleiton dentro e fora da sala de aula, ele respondeu: “Eu sou a mesma pessoa, não consigo atuar ou criar personagens. Sou sempre o mesmo, e a sala de aula é o lugar onde me sinto à vontade.” Cleiton se descreve como uma pessoa fiel a seus princípios e valores, alguém em quem colegas de trabalho e alunos podem sempre confiar.
Para encerrar nossa entrevista, pedimos que deixasse uma frase em combater ao racismo. Ele disse: “Seja racional, aprenda mais, estude. Este é o conselho central.”
Segundo o professor, o antídoto para o racismo é o uso da razão, aliado ao conhecimento e à educação. Pessoas desinformadas, segundo ele, não pensam criticamente e tornam-se mais vulneráveis a discursos de ódio e preconceitos infundados.
Texto / Foto: Ana Flavia Gomes e
Brenda Sobrinho Deorce
Warley Ferreira de Farias: Uma história de superação
Na quarta-feira, 13 de agosto de 2025, tivemos um bate-papo enriquecedor com Warley Ferreira de Farias, professor de Geografia na Escola Elice Baptista Gáudio, onde leciona há cerca de três anos. Toda a sua trajetória acadêmica foi construída em escolas públicas. Enquanto o ensino fundamental ocorreu de forma tranquila, o ensino médio foi marcado por grandes desafios: passou por quatro escolas diferentes, enfrentou situações de repetência e chegou a interromper os estudos temporariamente. Apesar dessas dificuldades, não desistiu e, em 2013, concluiu o ensino médio por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
No ano seguinte, alcançou uma conquista histórica para si e para sua família: em 2014, ingressou no curso de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) pelo sistema de cotas, tornando-se o primeiro de sua família a ingressar em uma universidade federal. Formou-se em fevereiro de 2019 e, em 2021, iniciou sua carreira docente na rede estadual do Espírito Santo. Atualmente, já soma quatro anos de experiência em sala de aula.
Ao falar sobre sua identidade, Warley se definiu de maneira simples e inspiradora. Dentro da escola, considera-se um profissional disciplinado e comprometido com suas funções. Fora dela, é uma pessoa pacata mas que ao mesmo tempo gosta de diversão; Valoriza estar com seus amigos e familiares, aprecia a leitura, gosta de ir à praia e não dispensa uma boa roda de samba. Ao final, resume: “Sou uma pessoa comum, como qualquer outra”.
O momento mais emocionante da entrevista ocorreu quando Warley relembrou as inúmeras vezes em que ouviu — inclusive de professores — que “não seria ninguém na vida”, ou que “no máximo, empacotaria compras em supermercado”, como se fosse algum demérito estar nessa função. Essa experiência dolorosa, no entanto, fortaleceu sua determinação e moldou sua mensagem principal: Mostrar que é possível superar as adversidades e contrariar as expectativas negativas. "Hoje, sua trajetória serve de inspiração à comunidade escolar, demonstrando que é possível superar adversidades e alcançar metas, e que jamais se deve dar ouvidos aos que duvidam de nosso potencial.
Como diria um verso dos Racionais MC’s, um dos seus grupos de Rap favoritos:“É necessário sempre acreditar que um sonho é possível, que o céu é o limite e que você, truta, é imbatível. Que o tempo ruim vai passar, é só uma fase. Que o sofrimento alimenta mais a sua coragem.” (A vida é desafio - Racionais MC’s).
— Texto / Foto: Brenda Sobrinho Deorce e Marielle Franco de Souza
Empreendedorismo Negro: Histórias de Sucesso que Inspiram
Na quinta-feira, 20 de agosto de 2025, tivemos um bate-papo enriquecedor com Wardenes Hilton Gonçalves de Sena, autodeclarado negro e conhecido como MC Canela — empreendedor, cantor de rap e morador do bairro Santa Rita de Cássia. Wardenes é proprietário do empreendimento GoodLanche, localizado na Avenida São Paulo, no bairro Serra Dourada III. E, por sinal, sua equipe faz uns lanches muito bons!
Em nosso bate-papo, MC Canela nos revelou a origem do seu nome artístico. Natural da comunidade onde ainda vive, o artista explicou que a história começou na adolescência. Na época, enquanto jogava futebol com os amigos, ganhou a brincadeira de "Canela Seca". Anos depois, ao se aproximar do rap e começar a batalhar, o apelido se transformou no MC Canela que conhecemos hoje.
Outro ponto que abordamos com ele foi sobre a família e o que ela representa em sua vida. A resposta que recebemos foi genial e muito impactante. Segundo MC Canela, a família é a base de tudo. Tudo o que ele faz é pensando em seus filhos, esposa e mãe. Nas palavras dele, “sem eles, não teria chegado onde está hoje.”
Perguntamos a Wardenes se ele sempre sonhou em ser um empreendedor. Em nossa conversa, ele contou que entrou meio que de para-quedas no ramo de alimentos. Tudo começou quando ele tinha aproximadamente 15 anos. A tia dele morava em Londres e, depois de uns dois anos, voltou ao Brasil com o plano de montar um trailer de lanches. Foi então que Canela começou a ajudá-la a organizar o negócio. Como a tia estava familiarizada com o idioma inglês, perguntou que nome eles colocariam no estabelecimento. Canela propôs misturar inglês com português, batizando-o de “Good Lanche” (que significa “Bom Lanche” em português).
De 2007 a 2010, sua tia foi a proprietária do Good Lanche. Foi então que, cansada de trabalhar com lanches, decidiu vender o estabelecimento. Por saber que Canela estava com ela desde o começo, ofereceu-lhe a chance de ficar com o trailer. Naquele momento, ele decidiu assumir o negócio e acabou comprando o Good Lanche dela. Ao assumir a gerência, passou a se capacitar cada vez mais para chegar onde está hoje.
Para encerrar nossa entrevista, pedimos a Wardenes Hilton Gonçalves de Sena, conhecido como MC Canela, que deixasse uma mensagem para quem quer começar um negócio agora. Segundo ele, toda pessoa que persevera naquilo em que acredita será bem-sucedida. Ele afirma que não será fácil, mas ressalta que tudo o que vem fácil, por costume, não valorizamos. “O segredo é acreditar em si mesmo sempre”!
Texto / Foto: Hariany Lorete e Victória Santana
CRIANDO NOSSA PRÓPRIAS NARRATIVAS
Saudades
Quem nunca sentiu essa dor no peito?
Para ter saudade, é preciso ter algo que marque sua vida. Algo que foi, que é, e que será sempre importante para você.
A verdade é que a saudade não vai embora assim tão rápido de nossas vidas. Mas que saudade é essa que tanto me cerca?
É a saudade da minha mãe que se foi. A saudade dos meus irmãos que partiram. A saudade de um pai que nunca tive, mas que idealizei em meus sonhos. Sim, sinto falta de um pai que nunca tive, mas que sempre quis ter.
E agora, já sinto saudades dos meus alunos, aos quais lecionei com tanto amor e dedicação. Saudade de cada riso, de cada momento bom em sala de aula, das brincadeiras, dos abraços, e até dos “babados” que eles me contavam.
Sinto saudade dos amigos que fiz e que levarei para sempre no coração.
Isso não é um adeus, mas um até breve.
No fim, o que vai nos restar são as saudades que um dia… eu vou matar.
— Texto: Alexandre Dos Santos
Confira nossa entrevista sobre empreendedorismo negro com Wardenes Hilton Gonçalves de Sena, mais conhecido como MC Canela.
Intolerância Religiosa no Brasil: Da Lei à Luta Pela Fé
A intolerância religiosa é uma das formas mais antigas e persistentes de discriminação, manifestando-se quando crenças, rituais ou expressões de fé são desrespeitados, atacados ou ridicularizados. Em um país marcado pela diversidade cultural e espiritual como o Brasil, essa realidade contradiz frontalmente o princípio constitucional que garante, no Artigo 5º, a liberdade de consciência, crença e o livre exercício dos cultos religiosos.
A Data que Homenageia a Resistência:
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, foi instituído pela Lei nº 11.635/2007. A data é um marco de luta e memória: homenageia a Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos — Mãe Gilda de Ogum, líder do Candomblé que faleceu em 2000 vítima de agressões e perseguições motivadas por puro preconceito. Sua história tornou-se símbolo da resistência de todos os povos de terreiro e de outras tradições espirituais combatidas pela intolerância.
Além de Mãe Gilda, nomes como Makota Valdina Pinto, Mãe Stella de Oxóssi, Pai Rodney de Oxóssi e Babalaô Ivanir dos Santos consolidaram-se como referências na defesa do diálogo inter-religioso e dos direitos humanos, mostrando que a fé pode ser um instrumento de união, e não de exclusão.
A Fé na Arte e na Palavra:
A literatura e a música frequentemente ecoam esse tema. No poema “Templo de fé”, Elisa Lucinda escreve: “Toda fé é um grito de esperança, e o respeito é a ponte que liga os diferentes ao divino”. Já Gilberto Gil, em Andar com Fé, canta: “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar”. Essas expressões artísticas reforçam que a fé, em qualquer forma, é uma força que deve libertar, e não aprisionar.
Um Depoimento em Primeira Pessoa: A Vivência Afroreligiosa:
Para além dos dados e das leis, combater a intolerância é uma questão de existência. Em um relato pessoal, Warley Ferreira de Farias, professor e iniciado no Candomblé da nação Ketu há quatro anos, conhecido no terreiro como Dofono Warley de Obaluaiyê, compartilha sua experiência.
“Enquanto pessoa afroreligiosa, compreendo e busco sempre, de forma racional e harmoniosa, entender as particularidades dos espaços que frequento, mantendo meu posicionamento firme em prol das minhas particularidades espirituais”, afirma. “Lidar com ambientes de preconceito historicamente fortalecido nunca é tarefa fácil. A busca por desconstrução e respeito mútuo é, muitas vezes, exaustiva, gerando dúvidas e inseguranças sobre como agir.”
Warley ressalta a dimensão humana por trás da resistência: “Nós, povos de terreiro, também somos carne e osso. Sentimos na pele e no coração as ofensas que nos dirigem. Nem sempre teremos sabedoria e firmeza para seguir em plenitude após situações adversas contra nossa espiritualidade.”
E finaliza com um testemunho de força e identidade: “O que nos resta é nos manter presentes, com nossos elementos sagrados, usando branco na Sexta-Feira de Oxalá, e sempre nos lembrar de quem nos mantém firmes: o Orixá. Sem meu pai Omolu e sem minha mãe Oyá, com certeza não estaria onde estou hoje. E é da vontade do Orixá que eu nunca abaixe a cabeça diante da intolerância.”
Conclusão:
Combater a intolerância religiosa é, portanto, uma luta contínua por uma sociedade mais justa, plural e verdadeiramente humana. É reconhecer que o respeito à fé do outro é, no fundo, a garantia da liberdade de todos — de acreditar, de não acreditar e, simplesmente, de ser.
Texto: Warley Ferreira de Farias